domingo, 29 de junho de 2008

VOLTO A FALAR

Não tenho postado palavras no blog do SUSSURROS. Até que tenho pensado em escrever, mas deixo que passe. O livro, um mosaico do tempo, me proporcionou momentos incríveis, que não tenho sabido analisar bem. Uma hora destas saberei. Estou envolvido no término de outros trabalhos e, de certa forma, imagino que o caminho de publicações alternativas é a morte lenta. A morte, um tema recorrente no meu trabalho. Vai aqui uma lembrança muito legal: minha participação no SaLiPi. Agradecimento ao professor Romero. Alguns apoios; outras críticas veladas. Muito silêncio – a pior expressão para um autor. Eu ainda sussurro SUSSURROS.

Indo





Aos poucos me
vou perdendo,
retendo,
como um dique,
que prende e perde
o mundo - um mundo que não entendo.

Sou uma poça
de ramos nervos,
como uma esponja
gorda d’água
e sabão.

Sucumbi aos conceitos,
perdendo-me, retendo-me,
num dique,
no mundo
cão.


(Eduardo Borges)


Etéreo



A angústia não tem
pêlos nem olhos.
Ela rasteja entre nossos
pés como areia
movediça.

(Eduardo Borges)


Descaso




O sol mata
aos poucos o
trabalhador –
em translações e
rotações (imperceptíveis) –
em seu cansaço de e s p e r a n ç a,
no caixote sujo
que é almofada
para seu
descanso.

(Eduardo Borges)



Entre mundos



Teresina, minha mãe adotiva,
Tuas pontes são braços
Que me acolhem sobre o rio abandonado
Meu novo coração enterro aqui em tuas vestes
Deixo o resto do corpo para de ti ir e vir
Como cigano profano
Andarilho entre mundos de calor


(Eduardo Borges)