sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010





A ânsia do vômito precede a liberdade.
Escolhi a solidão, a ambição revolucionária.
É a enseada dos medos que destrói a carne, e
Os dias são o espelho da máscara mortuária.
 
Nasci oposto a Gonçalves Dias, preso à mesma cidade:
O banzeiro, a lua distante, a rota portuária.
Eu resulto do nada que me revelou a ignóbil sanidade.
Foram eles, os poetas, os assassinos da ordem planetária.
 
Engulo a ânsia e o vômito, e acolho a falsa sobriedade.
Reservo às muitas culpas minha alma sectária:
O livro escondido, a preguiça inteira, a inerte veleidade.
Tudo mata, tortura e faz viver o espírito paria.
 
Há toda espuma de maré em minha eterna cumplicidade
Com a tormentosa dor negligente, vil e solitária.
Renasço na hipocrisia das horas turvas da estranha idade.
A angústia, meu tormento, ainda viva, ainda tonta, ainda libertária.
 
 
Teresina, 22/12/2009.
 
Eduardo Borges