Apresento-me como um observador. Um transformador de imagens, dores, memórias e de tudo que vê ou sente em palavras, "ditas ou malditas". A poesia é democrática. Porém, quem desafia o mundo com a caneta deve pôr-se à prova dos olhares.
Ser poeta é uma conquista que nasce do labor renitente. Procurei neste trabalho resumir 08 (oito) anos de produção do que digo ser poesia (1999-2007). É o resultado de uma seleção que contempla várias fases do que fui, em segundos, meses ou anos. Daí que posso explicar uma certa idiossincrasia no todo do livro,
um flutuar entre partes do meu mundo, criado em mim e que coloco a público. As outras contradições ou imperfeições devem ser remetidas à qualidade da própria obra. Espero profundamente dizer algo para o leitor. Que ao abrir este livro,
Esta é a vida – descoberta lenta como o passar dos anos. Enquanto tudo caminha, na cordilheira ou na rua estreita da colônia, penso em mim, em muitos iguais, em tantos andares, em poucos amores sinceros...
Eduardo Borges 20/10/03
Surto
Num pequeno buraco do muro esquecido, ao meu lado, um inseto protege-se olhando o enorme mundo que não é seu.
13/3/4 Eduardo Borges
Descaso
O sol mata aos poucos o trabalhador – em translações e rotações (imperceptíveis) – em seu cansaço de e s p e r a n ç a, no caixote sujo que é almofada para seu descanso.