segunda-feira, 18 de maio de 2009




O rio das ilhas


Da ponte que separa
As cidades partes de mim,
Chegam as imagens
Turvas de águas submersas.
O Parnaíba vindo de longe,
Como um ateu perdido e desolado,
Expõe-se entre ilhas vulcânicas,
Tumores em seu tecido heterogêneo,
Terras e florestas que emergem
Dos muitos afogados esquecidos
Em suas margens espectrais.
Assemelhamo-nos, não na grandeza,
Mas na pequenez do átomo, no submisso,
No ser atingido sem saber reagir.
Eu, o rio, as ruas, as pessoas e seus pés,
Somos igualmente degeneração.

Teresina, 07/03/08
Eduardo Borges