quinta-feira, 25 de março de 2010






Não pertenço às tuas mãos
Nem mesmo ao teu esgoto
Tua saliva escura e ácida
Que há séculos desce para
Algum rio também antigo
Como tu, cidade suicida
Somos dois velhos emparedados
Sob os ventos do norte – o tempo
Não nos incomoda mais –
Esquecidos em nossa dependência
Um do outro, eu e a cidade velha,
Das velhas estórias libertárias e cruéis
Nossas faces negras de um sol distante


(Eduardo Borges - Barcelona)

segunda-feira, 15 de março de 2010

meu frio interior






Eu nasci em tempo de inverno

Em minha terra isso significava chuva

Nuvens cinzas e poucos graus a menos

Comigo nascia muito do verde nas casas

Entre elas, em suas faces, nos chãos

Havia semente de tudo e tudo morria

Poucos meses depois com a seca, o inferno


(Eduardo Borges - Barcelona/ES - 15.03.10)