domingo, 1 de maio de 2011

OMISSÃO






Calar-se
é matar a palavra
que brota
na hora da
alma.

Sangrá-la
entre os dentes já

desgastados
pelo
tempo.



A palavra
- signo invisível -

não morre,
apenas desa-
parece
dos
ouvidos
para em nossas
mentes
vibrar
como
um
sino,

uma sina.


Mato a palavra
Num canto do mundo,

surdo
aos clamores,

curto de compaixão,
curdo entre montanhas –

Fixo a mira
e atinjo o poema

antes de macular o mundo,

prestes a vomitá-lo
no banheiro
da casa.

(03.08.02)
Eduardo Borges