sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A cidade vive
seus medos em
ruas escuras.
Homens divididos
Entre bueiros e
calcadas sujas
- inconsciente.
Vejo as cavernas
sobrepostas aos
ferros das prisões,
Disfarçadas pelo
branco dos quartos.
A cidade subverte
as pessoas, e os corações
Fogem dos redemoinhos
que engolem avenidas.


Eduardo Borges
Teresina, 14/10/2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011





No silêncio da noite
as coisas dormem.
Esperam o dia, o sol,
algo que, ao amanhecer,
as faça viver
nas dúzias de braços
que tropeçam em
corredores sonolentos
de mais um dia.
As coisas dormem e esperam
- basta um olhar atento -
ao relento dos tetos,
Empoeiradas de nada,
aparentemente paradas
em cima de algum lugar
à espera dos homens
que deixam passar o tempo
frivolamente.

eduardo borges
São Luis, 22.04.2011

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Pisando em linha reta








Eu desconfio
E desconfiara
(já naquela época)
De tudo e de todos
Do mundo e dos tolos
Sábios com lupus
Dos homens que não sangram
Dos sonhos e da mente

Eu desconfio
Mesmo é de tudo
Que se diz
Coerente.

20.7.6
Eduardo Borges

sábado, 16 de julho de 2011






Menos que a noite
Mais que o dia
A veia que pulsa
A sala vazia.


(Eduardo Borges
Teresina,08/03/2011)

segunda-feira, 4 de julho de 2011





A poesia é visceral.
Os nervos na ponta do lápis;
A alma perdida no papel...

Eduardo Borges
Teresina, 11.06.2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Papiro







No papel escrito
O poema se perde
E morre logo depois de posto
Renasce em outras cabeças
Um espírito serpenteando o
Corpo que incha e fede

Teresina, 23/03/08.
Eduardo Borges

segunda-feira, 13 de junho de 2011

De quando engordo







Do teu silêncio
Faço minha poesia.
Mastigo cada som
Preso e aumento meus
Tecidos adiposos.

Teresina, 03/02/2008
Eduardo Borges

sexta-feira, 10 de junho de 2011

D N A




Herdei dos meus pais a solidão

uma necessidade de estar só ao redor

certa ânsia mentirosa de dizer em vão

“Enfim, venci o mundo opressor”





eduardo borges

teresina, 29/07/2010

quinta-feira, 9 de junho de 2011





Solto-me no ar

Como um pássaro

Mas não como quem voa

Somente igual a quem se deixa voar



Deixar-se! Deixar-se sempre!

Já que as nuvens são mero acaso

Que paira e, sem terra à vista,

Não haverá rumo certo



Solto sou mais que eu vazio

Como pássaro morto

Ou chão que queima e engole

Todas as águas sem resistir


Eduardo Borges
Teresina, 12.05.2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011





Ouço o dia passar
entre os ruídos dos ferros.

As horas pesam, como o aço.
Dialogo com os minutos
- sou alheio ao vento, ao sol
que toma de assalto o corpo
numa revolução invisível.

Palavras são aço bruto!
Peças soltas das máquinas
que passeiam brincando de gente.

Nada significa, exatamente,
o que se diz – a linguagem é mentira!

Algo sempre faltará
no murmurejo das ruas.

Eduardo Borges
Sampa, 11.05.2011

sábado, 28 de maio de 2011





Pelo carro -
na turbulenta
tarde -
misturo meu
sangue às ruas
reluzentes
do sol imposto
na umidade da pele
Sou eu parado em
movimento nos
quadrantes
pintados dos becos de pedra
Em estradas que
não levam e não
trazem – descaminhos -
há/sombras/sobre/tudo/se/é/que/algo/é/existente
Ando em velocidade.
Tanta pressa!
Pelo carro,
através do vidro,
mesclo-me ao asfalto,
separado de cada corpo
de cada alma e pedra e beco,
duvidando da possibilidade,
do provável, de mim mesmo,
dos sinais da cidade e
das ondulações abruptas.
- as águas da chuva morna
- o calor torpe e doentio
- meus pés que se alongam no escuro da noite,
para longe dos pensamentos.
Vida, morte, continuidade.


eduardo borges
teresina, 18.04.2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011





a coruja é a eterna noite
entre árvores e estrelas
insônia selvagem e dor
já não dorme a coruja
ou nunca fechou os olhos
passado, presente e futuro
tormenta nas folhas suadas
pelo orvalho ácido escuro

Eduardo Borges
Teresina
26.04.2011

domingo, 15 de maio de 2011

A MINHA PARTE EM TUA NUDEZ

Em teus olhos cabe o mundo
todas as cores humanas
entre o branco e o castanho
do teu corpo nu

Em teus olhos cabe o mundo
a inconsciente dor das ausências
eu não existo em ti:
sou a sombra do teu corpo nu

Em teus olhos cabe o mundo
e não vês as tortuosas curvas
que te cercam e me matam
ao lado do teu corpo nu

eduardo borges
barcelona, 10/03/2010

domingo, 1 de maio de 2011

OMISSÃO






Calar-se
é matar a palavra
que brota
na hora da
alma.

Sangrá-la
entre os dentes já

desgastados
pelo
tempo.



A palavra
- signo invisível -

não morre,
apenas desa-
parece
dos
ouvidos
para em nossas
mentes
vibrar
como
um
sino,

uma sina.


Mato a palavra
Num canto do mundo,

surdo
aos clamores,

curto de compaixão,
curdo entre montanhas –

Fixo a mira
e atinjo o poema

antes de macular o mundo,

prestes a vomitá-lo
no banheiro
da casa.

(03.08.02)
Eduardo Borges

quarta-feira, 20 de abril de 2011

EU





a cada dia
a cada hora
um minuto
me afoga

eduardo borges
Barcelona, 10.03.2010



pousa no ar
a estética da
cidade
quem a vê?
Qual de nós
terráqueos
entre pedras e
argamassas
arames e ferros
retorcidos...
… qual de nós
gente entre
desiguais
é capaz de
entender a
a divisão das
ruas indivisas
o monstro
que nos
separou em
pessoas?

eduardo borges
Teresina, 20.04.2011




BUEIRO
ei-lo posto ao chão
vácuo árduo
discreta boca
sem dentes
fechada
aberta
às águas
ponto obscuro
traquéia ácida
para onde seguem
as pessoas e suas sombras
(nossos pés nas
noites perdidas?)

eduardo borges
Teresina, 18.04.2011.

domingo, 13 de março de 2011





Seguindo uma estranha lei da física

No mais das vezes a felicidade costuma

Não ocupar dois lugares ao mesmo tempo


(Eduardo Borges

Teresina -11.03.2011)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011







Das paredes que falam



A senhora das culpas
Atravessa o corredor taciturna.
O muitos anos teceram cinzas
Em seus olhos de mar turbulento.


Eduardo Borges
Teresina, 07/02/2011

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011






Vivo minhas horas sem pensar muito
Algo automático move o tempo que rodeia
Gosto de saber que pulso ainda que inconsciente
O mais é floresta, guerras, revoltas e levantes da alma

Eduardo Borges
Teresina, fev/2011

sábado, 29 de janeiro de 2011






eu perdido em mim

outro dia outra hora

o mesmo corpo morto

o quê há de mim agora


eu e tu, nós e vós

amanhã na mesma hora

outro corpo outro eu

o quê de mim foi embora


Eduardo Borges
(15/10/2010)