No dia Internacional das mulheres devemos lembrar que as diferenças de gênero quase nunca são vistas no seu sentido positivo, ou seja, geradoras de cidadania. Todavia, é na diferença que está a riqueza da vida. Há pouco tempo mulheres não votavam. Em cada canto do mundo homens agredindo suas companheiras protegidos pela cultura machista. Um dia festivo no mundo das distinções. Lembrando das diferenças, segue esta poesia, nesta data tão contraditória (no Brasil os homens recebem salários em média de 34% maiores que as mulheres em situação igualdade laboral: a maior entre os países pesquisados pela Federação Internacional dos Trabalhadores):
Dos odores e das flores
Passa o vulto de mulher desfilando na Europa de botas
- “Onde estás, Dolores, que teus filhos pedem comida na solidão da casa?”
Caminha em altar a nobre loira em sua fantasia de neve
-“E tu, Antônia, que ainda desenha o verde da roça a esta hora, depois do sol?”
O perfume feminino, decerto vindo de França, perturba os sentidos
-“Quando te sentes mulher, Violeta que lava as roupas no Rio Paranaíba com mãos brutas?”
O narcisismo doentio das lindas burguesas vestidas em peles de animais extintos
-“Maria, corre armada que a caça fugidia alimentará tuas crias e hoje só tem farinha na mesa!”
Passa a beleza, segue a fome, caminham mulheres em mundos tão distintos e belos
- “Camponesa de rara coragem, pés de barro, mãos de aço, a revolução ainda está em ti!”
Eduardo Borges
Barcelona
domingo, 8 de março de 2009
quinta-feira, 5 de março de 2009
Minha terra além da noite
Esta poesia, que estará no livro ROTEIRO DO DESAJUSTE, esteve na final do POEMARÁ, e refere a meu laço louco com São Luís:
Minha terra além da noite
O tambor
A crioula rodando
Mãos acariciando a pele
do boi morto que ainda urra
Minha mente confusa firme esmurra
o chão centenário
Um cheiro de álcool e fumaça cruza
transes levantando saias por detrás
dos mudos rosários
Casarões dançam entre pés descalços
Tudo penso e tanto faz
Minha terra tem batuque onde cantam os Orixás
(Eduardo Borges)
Minha terra além da noite
O tambor
A crioula rodando
Mãos acariciando a pele
do boi morto que ainda urra
Minha mente confusa firme esmurra
o chão centenário
Um cheiro de álcool e fumaça cruza
transes levantando saias por detrás
dos mudos rosários
Casarões dançam entre pés descalços
Tudo penso e tanto faz
Minha terra tem batuque onde cantam os Orixás
(Eduardo Borges)
segunda-feira, 2 de março de 2009
Em 2009
Um ano após SUSSURROS estou lançando outro livro de poesias chamado ROTEIRO DO DESAJUSTE, que nasceu de um projeto baseado nas idéias de mapas e dos "roteiros" que nos invadem a cada dia nesta sociedade louca. A imagem do "bueiro" como "retrato do inconsciente coletivo urbano" perpassa o trabalho. Qual o mapa das misérias humanas? Onde conceituamos os desajustes a um mundo doente? Não espero boa aceitação. Sigo na linguagem carregada, presa e livre.
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