sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
A ânsia do vômito precede a liberdade.
Escolhi a solidão, a ambição revolucionária.
É a enseada dos medos que destrói a carne, e
Os dias são o espelho da máscara mortuária.
Nasci oposto a Gonçalves Dias, preso à mesma cidade:
O banzeiro, a lua distante, a rota portuária.
Eu resulto do nada que me revelou a ignóbil sanidade.
Foram eles, os poetas, os assassinos da ordem planetária.
Engulo a ânsia e o vômito, e acolho a falsa sobriedade.
Reservo às muitas culpas minha alma sectária:
O livro escondido, a preguiça inteira, a inerte veleidade.
Tudo mata, tortura e faz viver o espírito paria.
Há toda espuma de maré em minha eterna cumplicidade
Com a tormentosa dor negligente, vil e solitária.
Renasço na hipocrisia das horas turvas da estranha idade.
A angústia, meu tormento, ainda viva, ainda tonta, ainda libertária.
Teresina, 22/12/2009.
Eduardo Borges
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Eu não fugi, como tu
(Para Creuza)
Minha mãe negra
Foi negra fujona.
Não foi daquelas “pai joão”.
Viveu em senzala
E foi amarrada ao tronco
Por dez anos - e era noite!
Minha mãe negra morreu
Fugindo das algemas.
Foi teimosa a negra,
Na cozinha da
Casa grande
Por 40 anos!
Minha mãe negra fujona
Foi para a floresta!
Capitão do mato pegou.
“Cadê mãe negra?” – perguntei.
Fugiu para nunca mais, minha mãe...
Eduardo Borges
14/8/08
Teresina
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Meu quarto na rua das hortas que me guardava
Jamais seria Che Guevara
- sou homem de cárceres -
Mas andaria no rumo de suas
Trilhas bolivianas com meus trapos
Morreria no primeiro combate com certo orgulho
No mundo de hoje é difícil morrer com honra
Acabamos nossos dias sentados
Seguros pelas leis que nos seguram
E nos cegam - e nós paramos de pensar
Os revolucionários de hoje são mitos em cavernas
(Eduardo Borges)
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